segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mais uma chance de viver

Mais uma chance de viver

        Passei alguns dias longe, sem escrever, sem falar muita coisa, para não falar bobagem. Estava refletindo sobre minha vida, por isso preferi o silêncio. Mas sempre acabo me envolvendo em alguma situação que me faz, de algum modo, perder a compostura. E quando vai de encontro a algo que eu realmente acredito, então, a coisa fica feia.

        Eu sei que não sou o dono da verdade, muito menos estou sempre com a razão. Ninguém precisa aceitar como certo as coisas em que eu acredito. Apenas espero que seja respeitado o meu ponto de vista, até porque verdade é uma coisa muito relativa, diga-se de passagem. Nunca teremos como definir precisamente o que, de fato, é o correto para todo mundo, pois todo mundo é diferente, cada um com suas próprias verdades incontestáveis.

        Mas, como eu estava falando, fui questionado a respeito de uma coisa em que eu acredito profundamente, que é a minha capacidade de ser pai para meus filhos. ‘E lá vem ele outra vez falar desses pirralhos dele... ’ Não necessariamente. Quero falar não só da minha capacidade ou incapacidade se ser um bom pai, mas sim, da capacidade que cada um tem de poder ser melhor do que esta sendo, mesmo que todo o resto do mundo diga o contrário, que você nunca conseguirá isso.

        Sempre me testaram a esse respeito, e pelo jeito sempre estarei nesse processo de teste e têmpera o resto de minha vida. Parece que sempre vai ter alguém dizendo que eu não posso isso ou não consigo aquilo. Desde a escola técnica, quando meu professor de automação insistiu em dizer que eu não conseguiria fazer a matéria dele, até hoje, com meu chefe querendo me convencer de que eu não posso ser um funcionário melhor. Sempre podemos melhorar, por menor ou insignificante que pareça para as outras pessoas.

        O embate no qual me envolvi ficou sem definição porque o sinal do meu celular acabou. Mas o assunto ficou martelando em minha cabeça. Tanto que, quando cheguei em casa e fui terminar de assistir um filme bobo, de corrida de carro em uma penitenciária, fui surpreendido pela lição nos últimos minutos da trama. Depois de superar as expectativas dos que tentaram sabotar-lo, separando-o de sua filha e o questionando se ele realmente era o melhor para ela, o protagonista só responde à pergunta nos segundos finais da história, dizendo que o melhor para a criança era estar com aquele que a amava de verdade, mesmo que esse não fosse perfeito. E mais: ela era a única e grande chance de ele ser uma pessoa melhor.

        O que mais me chamou atenção, já no outro dia, foi ouvir uma música teoricamente irrelevante, que eu já havia escutado em outras ocasiões, e perceber o conteúdo profundo que ela continha. Uma música (pasmem) de Junior Lima, irmão de Sandy e filho de Xororó. Esse mesmo que você deve estar pensando. E a música fala que heróis também podem sangrar, e que cada um está só procurando a sua própria estrada para trilhar, com suas imperfeições e limitações naturais, mas, ainda assim, procurando a melhor forma de amar, no sentido mais amplo dessa palavra.

        Sei que esse emaranhado de palavras não esta da melhor forma arranjado, acho que estou com a mente e o corpo muito cansados para poder propiciar a melhor organização possível de  minhas idéias, mas eu não poderia deixar esse momento passar, não dessa vez, não hoje, porque eu estou, também procurando a melhor forma e o melhor caminho para trilhar, e que os que a mim foram confiados, em todos os âmbitos, são as chances que eu tenho de poder ser melhor, em cada coisa, em cada instante.