terça-feira, 28 de julho de 2009

O Texto

Hei, olha aqui! Está vendo os meus parágrafos todos a sua disposição? E estas linhas tão cheias de sentimentos e desejos?! Não, você não está ficando maluco ou coisa parecida, sou eu mesmo que estou tentando chamar a sua atenção e vê se consigo arrancar de você alguns instantes de sua atenção tão preciosa. Qual seria o sentido de minha reles existência se não sou notado e lido por você? Se não me analisa, elogia ou critica, pra que eu vou continuar existindo?

       

Quando a criatura que me pariu, quando estava perdendo(ou ganhando) seu tempo para me criar, a sua intenção era que eu fosse lido por pelo menos mais uma pessoa além dela mesma. Arrumou cada letra, juntando uma a uma, formado palavras comuns ou rebuscadas, concatenando-as de maneira que as frases por elas constituídas fossem tivessem um sentido interessante, atrativo, e que ficasse mesmo bonito. Você ta me achando bonitinho? Bem... Tenha calma, ainda não me viu por inteiro.

Não tenha pressa. Estou inteiro ao seu dispor. Pode olhar com calma, aproveitando cada linha como se comesse uma bela macarronada italiana preparada pela sua mãe, que mesmo que não seja italiana, certamente será boa, porque foi sua mãe que fez(espero que ela saiba cozinhar...). Não me julgue porque pareço ser grande demais, ter muitas linhas, parágrafos, idéias loucas. Mas não me deixe antes de me ver por completo.

Nesse momento, você já deve ter começado a ter uma opinião ao meu respeito. Já nos conhecemos a mais de três parágrafos e já sabe como me comporto, como penso, e já deve ser capaz de quase prever o que posso fazer. Mas sabe mesmo o que eu quero? Ficar dentro de você, cada palavra minha. Tornar-me um contigo, de um jeito que não seja possível me esquecer. Se eu conseguir atingir esse objetivo, posso até ser deletado e descartado que ficarei feliz, pois minha existência fez sentido. Saberei que, de alguma forma lhe toquei e espero, claro, que de maneira positiva, fazendo de você alguém diferente daquela que começou a ler.

Quando terminarmos, o que acontecerá nas próximas linhas, não espero que volte aqui para me ver. Quero apenar que, antes de começar a ler um texto qualquer, que não me julgue pelo tamanho, que de vez enquando parece com a carta de Caminha, ou estranho como uma lista de compras, mas pense que ele é uma parte importante de alguém que se dispôs a doar-la na certeza de que seria aceita por você. E se por acaso não te agradar, paciência. Não é possível gostar de todo mundo mesmo, a gente vai te entender.Obrigado por me dar um pouco de sua atenção e até uma próxima.

domingo, 19 de julho de 2009

Alvorecer

Alvorecer

Já faz alguns dias que não escrevo nada, e isso estava me incomodando muito. Começa a fazer falta! É uma coisa boa, que ajuda a entender o que esta acontecendo ao redor, porque, mesmo que se saiba o que esta acontecendo, enquanto paramos para refletir, não faz o mesmo efeito de quando se coloca essas coisas num lugar, num papel, num arquivo de texto. Não importa o meio, mas o efeito que ele causa. Era disso que eu sentia falta.

Eu me perguntava, minutos antes de começar a escrever, sobre o que eu poderia escrever. Com tanta coisa me acontecendo ao mesmo tempo, eu ter que escolher sobre apenas uma delas para escrever, me soava quase como tortura. E vamos refletir. E nessa reflexão, me percebe diferente do dia que fez a minha primeira postagem. Diria mais: certamente estou muito mais maduro, embora tenha menos de três semanas, do que aquela noite que decidir escrever coisas para serem lidas.

Durante alguns dias, me sentia inserido no meio de uma turbulência infindável de acontecimentos dolorosos, sofríveis, difíceis de serem vividos e ultrapassados. Como eu poderia viver em meio a um mundo tão diferente do que eu tinha deixando quando parti de férias? Aparentemente nada tinha se modificado. Eu continuava só, vivendo minha vida, me preparando para trabalhar. Mas sabia que nada seria como eu imaginava que pudesse ser. Não tinha um retorno esplendoroso me esperando, ou juras infindas a serem feitas. Apenas o desafio de viver a mesma vida de uma maneira que eu não esperava. Passei todo um período me preparando para nada. Tudo o que eu esperava encontrar nunca mais me será passível de realização.


Um enorme temporal desabara sobre minha vida. Assim como uma tempestade tropical se forma em alto mar, sem que a gente tenha conhecimento, e do nada se levanta em direção ao continente, e vem com chuva, e vem forte, e vem alagando tudo pela frente, assim me veio aquela série de coisas. Não soube como reagir, até porque eu não estava preparado, nem tinha verificado a previsão do tempo ou sequer olhado pela janela.

O tempo passo. Não foi muito, mas ele insistiu em passar, e hoje me percebo de maneira diferente. Sinto como se toda aquela chuva que veio comigo e que insistia em não diminuir, enfim, amainou. Consigo enxergar no horizonte um nascer de sol iluminado. Não sei se alguém já parou para reparar e comparar o período que antecede uma grande chuva e o período logo após. O ar que antes se apresentava pesado, o céu não tão azul, quase cinza, mesmo com sol forte, dá lugar a um dia limpo, um céu profundamente azul e limpo, um ar leve e desobstruído. Assim se assemelha o meu momento. Ainda molhado, estranho, diferente do que eu estava acostumado, mas um momento novo e todo meu.

       

Espero ter sabedoria para aproveitar e paciência para esperar que cada coisa aconteça no seu momento. Esperar a água empoçada secar, observar as coisas novas que vão aparecendo pelo chão, brotando lentamente nessa terra fértil que se apresenta à minha frente, esperando que eu a cultive com sabedoria e discernimento para que de frutos bons, proveitosos e abundantes o suficiente para compartilhar com que quiser e precisar.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Musicalidade

Quantas vezes a gente para escutar uma musica? Será que alguém já se perguntou quanta informação musical recebemos durante o dia? Não falo de sons ou barulhos, falo de música. Uma observação: a pergunta não é quantas musicas a gente ouve durante o dia, mas quantas vezes paramos para, de fato, escutar uma música.

O dia inteiro a gente ouve música: nos comerciais da televisão, no rádio, nos toques dos celulares, nos mp’s da vida... Uma infinidade de fontes, até mesmo quando não queremos, temos que escutar, porque o nosso querido vizinho tem um carro que é a filial do trio do Chiclete ou da Ivete, e ele ama muito escutar arrocha, pagode, forró, funk, de uma maneira que faz com que nos apaixonemos, querendo ou não, pelo seu refinado gosto musical, independente de qual seja. Feliz ou infelizmente vai ser quase impossível alguém colocar um paredão para tocar um Buarque, um Jobim, ou outra coisa mais aceitável ou que vá agradar a todos. Eles vão sempre tocar o ultimo arrocha, ou pagode, ou calcinha colorida qualquer. E sempre no ultimo volume. Claro!!! Seria muito desperdício de dinheiro deixar o som baixo, já que aquele trambolho todo que ocupa o porta-malas e o banco traseiro ou a caçamba inteira da pick-up pra escutar baixinho! Concordo plenamente.

Antes de qualquer coisa, quero esclarecer que não tenho nenhum tipo de preconceito quanto a música ou opção musical de ninguém,até porque também sou músico e já toquei cada coisa que vamos respeitar. A questão aqui é o que nos escutamos. Pelo que nos deixamos levar a cada instante. A música tem um enorme poder de penetração na alma do ser humano, de forma que, quando escutamos alguma coisa, aquilo tende a se infiltrar em nosso ser de uma forma que pode até moldar conceitos, causar sensações das mais diversas, entre boa e ruins. Ela tem poderosa que já foi utilizada como forma de auxílio na formação intelectual de bebês, pois estimula a formação de ligações neurais em áreas como a matemática, além de ser ferramenta para relaxar, acalmar e até colaborar no tratamento de distúrbios emocionais.

Quem não tem uma música que marcou uma época na vida, um momento com alguém, um grande acontecimento? Quantas músicas nós já colocamos para lembrar de alguém que nos deixou saudades, ou ainda, quem nunca se pegou cantando aquele pedaço de uma música que ouvimos de relance e que parece que colou na cabeça igual a um chiclete que a gente pisa na rua e fica colando em casa passo que damos! Quase uma forma de tortura! Será que utilização isso como forma de tortura em algum período de guerra, num campo de concentração? Imagina: aquele monte de prisioneiro, um autofalante num poste começa a tocar “ pereça pra frente, perereca pra trás....” e de repente para. Imagina a angustia de tu ficar na cabeça isso repetindo do dia todo!!!! Eu confessava até que tinha atirado no papa! Ou ainda Hitler aparecendo num campo de refugiados judeus, pega o microfone e canta: “ raspa, raspa, raspa, raspadinha!!!” e todo obrigando aquele povo todo a fazer coro: “raspa, raspa...!!!” Nossa quanta besteira!

Mas quando escutar uma música, seja ela boa ou até mesmo uma excelente paródia de Estephane, dê uma parada, uns poucos instantes, e escuta o que o bendito do compositor tava querendo falar, e que um doido de um arranjador se acabou concatenando sons e instrumentos de uma maneira que ficasse interessante e tente perceber o que ela vai despertar em você. Garanto que vai ser uma experiência nova para quem nunca fez. Garanto que ninguém vai se arrepender. Boa audição!

P.S.: Texto dedicado a minha irmã Lídia, que me pediu pra escrever alguma coisa sobre música.