quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Relativa Verdade

Relativa Verdade

Chega um momento na vida de um homem em que ele começa a se perguntar sobre o que de verdade vale a pena para ele lutar. Tantas coisas nos permeiam que, em determinados momentos as coisas começam a mudar de valor e ficamos sem saber para onde ir, que rumo realmente devemos seguir.

Nesses últimos tempos tenho me sentido nessa condição, nesse momento de grandes escolhas. As questões são de tal forma complexas que o medo de fazer a escolha errada quase impede de poder fazer qualquer escolha, seja verdadeiramente certa, ou até mesmo a errada. Mas é preciso escolher.

Uma pena não terem feito um belo de um manual ilustrado, onde viria informada a época em que essas escolhas deveriam ser deitas, dando dica de qual seria a correta, com grandes ilustrações coloridas e gráficos detalhados de como seriam os resultados de cada uma das opções que nos são permitidas. Isso certamente nos impediria de fazer a escolha errada e nos deixaria já prontos para o momento em que elas aparecessem.

Mas o que caracteriza uma escolha como sendo certa ou errada? Quem garante que a escolha que eu fiz para mim é a errada se a mesma foi feita por outra pessoa e essa se deu mal? É claro que algumas coisas são bastante óbvias: não usar drogas, não se envolver com criminalidade, não roubar, não matar... Mas têm outras que não são tão nítidas, e é exatamente nesse momento que descobrimos que tudo é relativo e o que me parece tão discrepante, para o outro é tudo o que ele precisa para viver, chegando a ser tudo o que ele sempre sonhou.

As minhas experiências atuais estão me mostrando que todos têm o direito de fazer uma escolha e também de se arrepender de tê-la feito, sendo possível e louvável seu gesto de recomeço que, diga-se de passagem, é bem mais difícil do que começar do zero, onde não tinha nada. Hoje aceito, inclusive, as minhas limitações e tento, a todo instante, entender e avaliar as minhas escolhas e seus resultados em minha vida. E mais que isso: aprendi a não taxar as escolhas alheias de certas ou erradas, só porque eu não optaria por elas. Cada um sabe o que vive e sabe qual a sua verdade, e respeitar isso é a virtude que desejo, aprender a cada dia e aperfeiçoar em minha vida. E viva a relatividade e viva a felicidade!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aguarde na linha

Aguarde na linha

        Nos nossos dias, é muito comum utilizarmos serviços via telefone, o famoso e famigerado callcenter. Quem nunca se viu preso numa ligação telefônica, suplicando para verificarem um problema na sua conta de celular ou qualquer outra de consumo, ou nos casos de quem trabalha em empresa que tem central de chamados, como eu, ter que ficar meia hora falando com uma atendente que se acha no direito de te deixar ‘hold on line’ por dez ou quinze minutos mas n pode te esperar por trinta segundos, enquando você pegar um número num papel, pois a fila de espera dela é muito grande.

        Embora pareça, não, eu não fiquei preso por esses dias em nenhuma ligação dessa, até porque ultimamente as minhas colegas atendentes têm sido bastante compreensivas comigo(ou então eu me disciplinei ao ponto de ter sempre os benditos números sempre à mão). A fila de espera em que eu estou preso é uma outra, bem mais complexa. E eu mesmo que optei por ficar nela, podem acreditar.

        Nós, como seres humanos que somos, tidos como muito superiores( não sei a que, perdemos para qualquer vírus), sempre temos o triste hábito de ser imediatistas em praticamente tudo. Também puderas, estamos na era da banda larga, e tudo tem que ser para semana passada, porque tempo é dinheiro(de fato estou mesmo pobre). Não conseguimos abrir mão de um mísero segundo, pois a operadora de celular nos dá somente três de graça, e depois do quarto, lá se foram trinta, quer tenhamos usado ou não.

        Ontem me coloquei numa situação que me leva a andar no contra-fluxo dessa história toda. Fiz contato com um callcenter diferente, e fiz um pedido incomum: pedi a Deus que fizesse a vontade dEle. E Ele pediu que eu esperasse.

        O tempo é uma coisa muito relativa. Quando precisamos pagar uma dívida, um dia é bem pouco, assim como para aproveitar, principalmente em férias, um dia é praticamente nada. Porém, quando nos colocamos em uma posição de espera passiva, as horas não passam. O tempo pirraça e debocha de nossa cara. O ponteiro do minuto fica emperrado, e o do segundo embaiana e fica lerdo e preguiço(não se ofenda, isso é só uma lenda porque eu também sou baiano e não sou lerdo...). O da hora cria poeira e casa de aranha.

        Sei que esse deve está sendo o mais confuso dos meus textos. Desculpe, mas não espero que me entenda, mas apenas que leia, identifique-se ou não e até emita uma opinião. Também não me tome como arrogante ou intransigente. Mas sei que estou numa fase tão complexa que nem mesmo eu consigo me compreender. Mas caso você se encontre numa situação parecida e esteja conseguindo passar tranqüilo, por favor, me ensine. Mas se também não consegue fazer o seu relógio funcionar e não tem idéia de como fazer para não se angustiar com isso, então estamos no mesmo barco, colega. Boa sorte para nós!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Paternidade

Que eu gosto de escrever todo mundo sabe. Gosto de colocar o que penso para fora, extravasar os sentimentos, coordenar minhas idéias. Mas ultimamente venho sendo muito sofrido e pesado em minhas palavras. Já me disseram ‘você está muito melancólico, tem que ser mais alegre, falar de coisas mais alegres!’. E precisei concordar. De fato, estou me sentindo sem brilho, me escondendo e dando atenção ao que não merece tanto.
Quando estamos envolvidos em situações difíceis, perdemos a visão do todo e acabamos focados demais no problema e as coisas em volta acabam esquecidas e relegadas a segundo plano. E quanta coisa esta a minha volta. Quantas pessoas estão a minha volta, carentes de mim?
Passei alguns dias fora, em outro estado, em condições bem diferentes das que tenho em casa, além de está longe das pessoas que conheço. E depois de certa idade, tem gente que nos faz mesmo falta. Até aquelas que entraram na nossa vida a um tempo relativamente pequeno, porque tomam nossa vida de uma maneira, e se tornam de tal forma importante que fica faltando um pedaço quando estamos longe dela.
Lembro de quando ele nem existia, e de quando eu não tinha nenhuma pretensão de que ele viesse. Eu não estava pronto e disposto a adquirir, por assim dizer, essa responsabilidade. Não tinha condições financeiras, nem tampouco psicológicas para essa situação. Mas aconteceu: novamente eu seria pai.
Mas como isso era possível? Bem... Como, eu sabia. Mas era apenas uma pergunta retórica. As circunstâncias para tal eram bem conhecidas para mim e eu decidi encarar mais essa. E dessa vez, seria diferente.
Depois de passar por um monte de coisas complicadas, doenças, internações, me pergunto como eu seria hoje se ele não tivesse entrado em minha vida. Não quero de forma alguma desmerecer minha filha. Porém, por diversas circunstâncias, tive mais oportunidade de conviver com ele.
Sei que não sou o melhor pai do mundo e nem sempre ajo da forma mais correta com ela ou com ele. Porém, desde então, posso dizer que sou uma pessoa diferente daquela que eu era antes da sua chegada. A maneira de olhar o mundo se diferenciou. Sempre repenso minhas atitudes e aprendo uma nova coisa com ele. Não tive a oportunidade de aprender em minha vida como aprendo em cada momento que estamos juntos.
A maior recompensa que tenho é quando ganho um sorriso quando chego de surpresa para vê-lo e ganho um abraço gratuito. É simplesmente inexplicável o que se sente quando você olha aquela carinha de choro porque se machucou ou quando escuta aquela voz inocente te chamando e rindo. Assim também é indescritível o que se sente quando ele se sente ameaçado ou quando é necessário você se tornar uma muralha chinesa para suportar ver ele sendo espetado para ser medicado ou coisa parecida. Você não irá se conter e se tornará um leão para defende-lo de qualquer coisa, a ponto de preferir trocar de lugar ou dar a vida para que a dele seja salva. Mas também não entenderá como se tornou tão sensível a ponto de chorar só de lembrar da carinha dele se despedindo e vai até chorar quando assistir qualquer filme que te faça lembrar dele.
Para não me tornar chato, o que já deve está começando a acontecer, digo que não sei como agir com cada novidade que se apresenta a minha frente. Mas descobri o porquê de muitas coisas que ouvia de meu pai quando ainda era apenas filho e insistia em querer retrucar. E para finalizar, quero usar uma frase que ouvi do meu pai, numa certa vez que ele foi encontrar a mim e minha irmã, quando ela tinha ido parar no hospital por ter exagerado na conta de camarão(história que depois vou contar) e que me fez entender o sentido de ser pai. Eu tinha dito a ele que não precisava ele ir lá porque estava tudo sob controle, e do nada ouvi-lo bater à porta do hospital. Quando perguntei o motivo dele ter aparecido, quase dando uma bronca nele, com voz firme ele me disse, me fazendo voltar a ser filho e entender o que era ser pai: “se fosse o seu filho, você não iria está aqui? Então deixa eu passar.”
Dedicado em especial ao meu Pai e meus filhos.
A pedido de minha amiga Naiara de Salvador. Grande beijo!