segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mão de obra


Tempos atrás, quando dei uma carona para uma colega da faculdade, começamos, meio que do nada, um papo interessante sobre o que a faculdade, a universidade, se tornou para nossa sociedade moderna. Acabei me chocando com a constatação que fiz, que de tão obvia, não nos damos conta dela: as pessoas pararam de pensar.
Fazendo uma retrospectiva aos tempos da nossa tão moderna e finada ditadura (digo isso porque nasci no final dela, em 1982), cujos remanescentes ainda caminham em nosso meio, é fato constatar que, os grandes líderes dos movimentos políticos da época, aqueles que regaram com o próprio sangue a semente da nossa atual democracia, que mesmo corrompida, nos garante direito como liberdade de pensamento e expressão, foram estudantes universitários, em sua grande maioria.
Fica fácil perceber que as faculdades, independente da sua especialidade, eram berçários de grandes pensadores e questionadores. Cultivava-se nas universidades o hábito do questionar, do não se conformar com as coisas que estavam acontecendo na sociedade como um todo. Não se preocupavam em formar uma massa de mão de obra especializada, mas sim, pensadores com a capacidade de mudar a história, não apenas de suas vidas, mas de uma nação inteira. Muita gente morreu por pensar, por questionar o que estava errado, o que deveria ser mudado, e mesmo sem possuírem meio de comunicação tão poderosos e acessíveis como os que temos hoje, fizeram uma revolução.
De uns tempos, digo, poucos anos, uns dez ou quinze, o panorama tem se modificado drasticamente. Com a abertura das faculdades particulares, da criação de universidade à distância e de varias outras maneiras de entrar em um curso superior e, principalmente de sair dele, o que importa agora é ter um canudo. Como se consegue ele não tem muita importância. As monografias e TCCs estão à disposição como em um supermercado: entra, escolhe, paga e entrega ao orientador. Proto! Mais um feliz formado saindo da faculdade de qualquer coisa, com um diploma na mão e nada na cabeça. Compromisso com os outros ou consigo mesmo, que é bom, nenhum.
Eu ainda me recuso a fazer isso. Tem um bom tempo que tento concluir o meu curso, mas as inconstâncias do meu trabalho não me ajudam muito, e acabo dando prioridade ao pagamento das contas no final do mês. Mesmo assim não quero fazer parte dessa massa que faz das universidades, grandes fabricas de peões diplomados, que muitas vezes não são nem tão qualificadas assim, sem a capacidade de questionar, de formar opinião, apenas com a disposição de continuar a transformar esse mundo em que vivemos em um lugar cada dia mais alienado e infértil, carente de pensadores e questionadores.
Aos meus amigos e àqueles que se sentiram ofendidos com minhas colocações eu não peço desculpas. Ao contrário, chamo a reflexão. Peço que se questionem se não estão inseridos nessa grande massa de pessoas sem vontade própria, que apenas executam sem questionar. Aproveitem mais essa grande oportunidade de trocar idéias, de pensar sobre o mundo em que vivemos e sobre o que pode ser mudado de verdade com uma atitude individual. Não é necessário se engajar num movimento político partidário para ser político. É preciso apenas atitude proativa e vontade de não ser mais um na multidão. Pense fora da caixa e seja maior!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Falando certo

Durante esse tempo refletindo sobre o que escrever, andei lendo bastante. Frequentei redes sociais, tive problemas, saí delas, li um monte de coisas, algumas delas boas, uma grande maioria não tão boa assim e parei, por fim, e fiz silêncio.
Quando nos dispomos a escrever alguma coisa para ser lida e avaliada pelos outros, é fundamental ter critério e cuidado com o que se escreve e com as palavras que se utiliza, pois elas falarão sobre quem as escreveu. Por pensar assim, sempre demoro para escrever, escolhendo bem o tema, as palavras, concordância, grafia e todas as regras da língua. Acabo me tornando exageradamente crítico de mim mesmo e, obviamente, do que leio. E leio muita coisa.
Quem vive conectado sabe bem do que estou falando. Com a popularização da internet, com a facilidade dos blogs, simples de serem feitos, qualquer um virou blogueiro, se sentindo no direito de despejar porcarias textuais, sem nenhum comprimisso com a coerência, com a língua bem falada e bem escrita. Nesse momento é que eu percebo como é terrível viver num país onde a educação é relegada a segundo plano.
Quando eu cursava o fundamental, lembro que a língua escrita era levada tão a sério que as professoras de matemática cobravam, tanto quanto às de português, que se escrevesse de maneira correta, colocando observações nas provas quando erravamos na escrita das respostas de um problema, ou coisa parecia. Hoje, o que vemos é uma inversão de valores na sociedade, onde se diz que não é correto corrigir alguém que fala ou escreve de maneira errada, por não ter tido acesso a uma educação que a preparasse de maneira a saber falar e escrever corretamente. Chega a ser inadmissível aceitar que um governo torne isso regra.
Eu não quero viveu num país de analfabetos e pessoas que aceitam a idéia de que falar errado é aceitável e normal. Quero que meus filhos falem e escrevam sempre o mais certo possível. Que sejam sempre interessados em aprender, em ler coisas novas e boas. Que tenham gosto pela leitura, a ponto de ler até bula de remédio, quando não encontrar mais nada para ler.
Somente a educação poderá transformar nossas vidas e nosso país. Um povo que não lê, não desenvolve consciência crítica, acabando alienado em todos os sentidos. Conhecereis a verdade, e ela vos libertará, disse Jesus. A verdade está no conhecimento, e este só é adquirido com a leitura e o estudo. Leiamos mais, e libertemos nossas vidas da mediocridade e da ignorância desse mundo.