sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tomando distância

Tomando distância

Todos os dias temos desafios pela frente, sempre colocando à prova a nossa capacidade de superar dificuldades, de encontrar novos caminhos, de criar novas possibilidades. Cada dia é uma oportunidade para um novo começo, totalmente diferente do que já foi feito e tentado. Mas, de vez em quando, a vida nos imputa essa condição de tal forma, que não temos outra escolha que não parar e repensar tudo o que estamos fazendo.

Eu acredito que fui agraciado pela vida quando ela me deu uma chance de modificar meu final, de poder tomar um rumo diferente daquele que eu estava seguindo. Um rumo completamente desconhecido, onde tudo assusta, causa estranheza, provoca até náuseas, tamanha a sinuosidade do caminho. Mas por que não seguir esse novo rumo? Principalmente quando não se tem muita escolha e tudo que nos resta é a certeza de que o caminha de volta é possível e aceitável, e que, partindo desse antigo ponto de referência, uma nova rota poderá ser traçada e seguida.

Quando estamos muito tempo em numa determinada situação, acabamos acostumados com o que nos cerca, mesmo que existam espinhos cutucando nossa pele. Acabam por se tornar companheiros e, mesmo machucando, perdem a nossa atenção. Aquela zona de conforto é tão aconchegante que, qualquer possibilidade ou risco de sair dela nos apavora. E continuamos limitados, mesmo estando de frente para o mar aberto, ou como pássaros domesticados e acostumados com o conforto da gaiola, onde tem segurança, certeza de alimento e água que nem mesmo a porta aberta lhe instiga a voar para fora. E a liberdade se esvai.

Mas a vida não gosta de quem se acostuma com ela, nem tão pouco retribui com prêmio a quem não se empenha ou a quem se acomoda com a água morna que trás contentamento. A vida gosta de quem a desafia, de quem olha na cara dela e diz: “é só isso que tem para me oferecer?”. Gosta quando alguém transforma adversidades em oportunidades para aprender a não cometer erros anteriores.

Tenho certeza que todas as coisas que estou vivendo no momento são muito diferentes daquela a que estava acostumado. Perdi a convivência dos amigos de tempos, não tenho mais o aconchego daquele meu sofá, escolhido cuidadosamente, não sou conhecido enquanto ando pelas ruas de uma cidade que já me fora tão familiar. Sinto-me deslocado, como quem chega em um outro planeta ou outro país, com uma língua diferente. Tudo o que eu tinha ficou com o tempo passado, e ele foi implacável, me cobrando cada centavo que usei, deixando apenas as experiências, boas e más, que tive, para que me sirvam de ferramenta para construir meu novo momento.

Eu não sei ao certo o que vai me acontecer daqui para frente. O que tenho é a certeza é do meu agora, onde estou me reencontrando, acomodando meu corpo, alma, pensamento. E quando olho o abismo que apareceu repentinamente à minha frente não me desespero. Aprendi que é preciso recuar um pouco, até mais do que se esperava, calcular bem, ter a certeza da força nos músculos das pernas, da força da mente, ajustando bem cada elemento do corpo e, depois de tudo confirmado, disparar uma corrida definida, certeira, sabendo com precisão onde fica o ponto de pulo e simplesmente se jogar para cruzar o vazio, sentindo o ar passar por baixo dos pés, pelo vazio, onde se pode até cair, com os olhos focados no outro lado e, quando lá chegar, aterrissar firme e confiante, e continuar no trajeto, sabendo que o caminho só acaba quando chegamos ao final, não importando onde fique, mas aproveitando cada momento da viajem, sem se preocupar quanto à classificação ma chegada, mas sim com a felicidade de ter cumprido o dever que nos foi dado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sempre é bom recomeçar.... é como voltar ao ponto de partida com mais maturidade!!

Antônio Melo

Rock'roll na Veia... disse...

Olha olha....estou conhecendo suas mil e uma utilidades....adorei!

Igor d´Souza disse...

Valeu, Sheyla...

Igor d´Souza disse...

Valeu, minha querida!